sexta-feira, 10 de abril de 2009


SEMANA SANTA

Sabemos bem que durante a Semana Santa, a Igreja celebra os mistérios da reconciliação, realizados pelo Senhor Jesus nos

úlltimos dias da sua vida, começando por sua entrada mesiânica em Jerusalém.

O tempo da Quaresma se prolonga até a Quinta-feira da Semana Santa. A Missa Vespertina da Ceia do Senhor é a grande introdução ao santo Tríduo Pascoal. O Tríduo Pascual tem início na Sexta-feira da Paixão, prossegue com o Sábado de Aleluia, e chega ao ápice na Vigília Pascual terminando com as Vésperas do Domingo da Ressurreição.

É importante recordar que "as ferias da Semana Santa, desde a Segunda até inclusive a Quinta-feira, têm preferência sobre qualquer outra celebração" e por tanto nestes dias não se deve administrar os sacramentos do Batismo e da Confirmação.

É importante que nestes dias se ofereçam em todas as paróquias, capelas, colegios, hospitais e centros de evangelização, horários amplos para facilitar aos fiéis o acesso ao Sacramento da Reconciliação como preparação espiritual para acompanhar ao Senhor Jesus na entrega de Si mesmo por nós. É muito conveniente que o tempo da Quaresma termine com alguma celebração penitencial que sirva de preparação para uma participação mais plena no misterio pascoal.

1-

Domingo de Ramos

O Domingo de Ramos abre solenemente a Semana Santa, com a lembrança das Palmas e da paixão, da entrada de Jesus em Jerusalém e a liturgia da palavra que evoca a Paixão do Senhor no Evangelho de São Lucas.

Neste dia, se entrecruzam as duas tradições litúrgicas que deram origem a esta celebração: a alegre, grandiosa , festiva litrugia da Igreja mãe da cidade santa, que se converte em mímesis, imitação dos que Jesus fez em Jerusalém, e a austera memória - anamnese - da paixão que marcava a liturgia de Roma. Liturgia de Jerusalém e de Roma, juntas em nossa celebração. Com uma evocação que não pode deixar de ser atualizada.

Vamos com o pensamento a Jesuralém, subimos ao Monte das Oliveiras para recalar na capela de Betfagé, que nos lembra o gesto de Jesus, gesto profético, que entra como Rei pacífico, Messías aclamado primeiro e depois condenado, para cumprir em tudo as profecias.

Por um momento as pessoas reviveram a esperança de ter já consigo, de forma aberta e sem subterfúgios aquele que vinha em nome do Senhor. Ao menos assim o entenderam os mais simples, os discípulos e as pessoas que acompanharam ao Senhor Jesus, como um Rei.

São Lucas não falava de oliveiras nem de palmas, mas de pessoas que iam acarpetando o caminho com suas roupas, como se recebe a um Rei, gente que gritava: "Bendito o que vem como Rei em nome do Senhor. Paz no céu e glória nas alturas".

Palavras com uma estranha evocação das mesmas que anunciaram o nascimento do Senhor em Belém aos mais humildes. Jerusalém, desde o século IV, no esplendor de sua vida litúrgica celebrada neste momento com uma numerosa procissão. E isto agradou tanto aos peregrinos que o oriente deixou marcada nesta procissão de ramos como umas das mais belas celebrações da Semana Santa.

Com a litiurgia de Roma, ao contrário, entramos na Paixão e antecipamos a proclamação do mistério, com um grande contraste entre o caminho triunfante do Cristo do Domingo de Ramos e o "via crucis" dos dias santos.

Entretanto, são as últimas palavras de Jesus no madeiro a nova semente que deve empurrar o remo evangelizador da Igreja no mundo.

"Pai, em tuas mão eu entrego o meu espírito". Este é o evangelho, esta a nova notícia, o conteúdo da nova evangelização. Desde um paradoxo este mundo que parece tão autônomo, necessita que lhe seja anunciado o mistério da debilidade de nosso Deus en que se demonstra o cume de seu amor. Como o anunciaram os primeiros cristãos com estas narrações longas e detalhistas da paixão de Jesus.

Era o anúncio do amor de um Deus que desce conosco até o abismo do q
ue não tem sentido, do pecado e da morte, do absurdo grito de Jesus em seu abandono e em sua confiança extrema. Era um anúncio ao mundo pagão tanto mais realista quanto mais com ele se poderia medir a força de sua Ressurreição.

A liturgia das palmas antecipa neste domingo, chamado de páscoa florida, o triunfo da ressurreição, enquanto que a leitura da Paixão nos convida a entrar conscientemente na Semana Santa da Paixão gloriosa e amorosa de Cristo o Senhor.


2-

A Quinta-feira Santa

A liturgia da Quinta-feira Santa é um convite a aprofundar concretamente no misterio da Paixão de Cristo, já que quem deseja seguí-lo deve sentar-se à sua mesa e, com o máximo recolhimento, ser espectador de tudo o que aconteceu na noite em que iam entregá-lo.

E por outro lado, o mesmo Senhor Jesus nos da um testemunho idôneo da vocação ao serviço do mundo e da Igrea que temos todos os fiéis quando decide lavar os pés dos seus discípulos.

Neste sentido, o Evangelho de São João apresenta a Jesus 'sabendo que o Pai pôs tudo em suas mãos, que vinha de Deus e a Deus retornava', mas que, ante cada homem, sente tal amor que, igual como fez com os discípulos, se ajoelha e lava os seus pés, como gesto inquietante de uma acolhida inalcanzável.

São Paulo completa a representação recordando a todas as comunidades cristãs o que ele mesmo recebeu: que aquela memorável noite a entrega de Cristo chegou a fazer-se sacramento permanente em um pão e em um vinho que convertem em alimento seu Corpo e seu Sangue para todos os que queiram recordá-lo e esperar sua vinda no final dos tempos, ficando assim instituída a Eucaristía.

A Santa Missa é então a celebração da Ceia do Senhor na qual Jesus, um dia como hoje, na véspera da su paixão, "enquanto ceiava com seus discípulos tomou pão..." (Mt 26, 26).

Ele quis que, como em sua última Ceia, seus discípulos nos reuníssemos e nos recordássemos d'Ele abençoando o pão e o vinho: "Fazei isto em memória de mim" (Lc 22,19).

Antes de ser entregue, Cristo se entrega como alimento. Entretanto, nesta Ceia, o Senhor Jesus celebra sua morte: o que fez, o fez como anúncio profético e oferecimento antecipado e real da sua morte antes da sua Paixão. Por isso "quando comemos deste pão y bebemos deste cálice, proclamamos a morte do Senhor até que ele volte" (1Cor 11, 26).

Assim podemos afirmar que a Eucaristia é o memorial não tanto da Última Ceia, e sim da Morte de Cristo que é Senhor, e "Senhor da Morte", isto é, o Resuscitado cujo regresso esperamos de acordo com a promessa que Ele mesmo fez ao despedir-se: "Um pouco de tempo e já não me vereis, mais um pouco de tempo ainda e me vereis" (Jo 16, 16).

Como diz o prefácio deste dia: "Cristo verdadeiro e único sacerdote, se ofereceu como vítima de salvação e nos mandou perpetuar esta oferenda em sua comemoração". Porém esta Eucaristia deve ser celebrada com características próprias: como Missa "na Cia do Senhor".

Nesta Missa, de maneira distinta a todas as demais Eucaristias, não celebramos "diretamente" nem a morte nem a ressurreição de Cristo. Não nos adiantamos à Sexta-feira Santa nem à noite de Páscoa.

Hoje celebramos a alegría de saber que esta morte do Senhor, que não terminou no fracasso mas no êxito, teve um por quê e um para quê: foi uma "entrega", um "dar-se", foi "por algo"ou melhor dizendo, "por alguém" e nada menos que por "nós e por nossa salvação" (Credo). "Ninguém a tira de mim,(Jesus se refere à sua vida) mas eu a dou livremente. Tenho poder de entregá-la e poder de retomá-la." (Jo 10, 18), e hoje nos diz que foi para "remissão dos pecados" (Mt 26, 28c).

Por isso esta Eucaristia deve ser celebrada o mais solenemente possível, porém, nos cantos, na mensagem, nos símbolos, não deve ser nem tão festiva nem tão jubilosamente explosiva como a Noite de Páscoa, noite em que celebramos o desfecho glorioso desta entrega, sem a qual tivesse sido inútil; tivesse sido apenas a entrega de alguém mais que morre pelos pobres e não os liberta. Porém não está repleta da solene e contrita tristeza da Sexta-feira Santa, porque o que nos interessa "sublinhar" neste momento, é que "o Pai entregou o Seu Filho para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna"(Jo 3, 16) e que o Filho entregou-se voluntariamente a nós apesar de que fosse através da morte em uma cruz ignominiosa.

Hoje há alegria e a Igreja rompe a austeridade quaresmal cantando o "glória": é a alegria de quem se sabe amado por Deus; porém ao mesmo tempo é sóbria e dolorida, porque conhecemos o preço que Cristo pagou por nós.

Poderíamos dizer que a alegria é por nós e a dor por Ele. Entretanto predomina o gozo porque no amor nunca podemos falar estritamente de tristeza, porque aquele que dá e se entrega con amor e por amor, o faz com alegria e para dar alegria.

Podemos dizer que hoje celebramos com a liturgia (1a. Leitura) a Páscoa. Porém a da Noite do Êxodo (Ex 12) e não a da chegada à Terra Prometida (Js 5, 10-ss).

Hoje inicia a festa da "crise pascoal", isto é, da luta entre a morte e a vida, já que a vida nunca foi absorvida pela morte mas sim combatida por ela. A noite do sábado de Glória é o canto à vitória porém tingida de sangue, e hoje é o hino à luta, mas de quem vence, porque sua arma é o amor.

3-

Sexta-feira Santa

A tarde de Sexta-feira Santa apresenta o drama imenso da morte de Cristo no Calvário. A cruz erguida sobre o mundo segue de pé como sinal de salvação e de esperança. Com a Paixão de Jesus segundo o Evangelho de João comtemplamos o mistério do Crucificado, com o coração do discípulo Amado, da Mãe, do soldado que lhe traspassou o lado.

São João, teólogo e cronista da paixão nos leva a comtemplar o mistério da cruz de Cristo como uma solene liturgia. Tudo é digno, solene, simbólico em sua narração: cada palavra, cada gesto. A densidade de seu Evangelho agora se faz mais eloqüente. E os títulos de Jesus compõem uma formosa Cristologia. Jesus é Rei. O diz o título da cruz, e o patíbulo é o trono onde ele reina. É a uma só vez, sac

erdote e templo, com a túnica sem costura com que os soldados tiram a sorte. É novo Adão junto à Mãe, nova Eva, Filho de Maria e Esposo da Igreja. É o sedento de Deus, o executor do testamento da Escritura. O Doador do Espírito. É o Cordeiro imaculado e imolado, o que não lhe romperam os osso

s. É o Exaltado na cruz que tudo o atrai a si, quando os homens voltam a ele o olhar.

A Mãe estava ali, junto à Cruz. Não chegou de repente no Gólgota, desde

que o discípulo amado a recordou em Caná, sem ter seguido passo a passo,

com seu coração de Mãe no caminho de Jesus. E agora está ali como mãe e discípula que seguiu em tudo a sorte de seu Filho, sinal de contradiç

ão como Ele, totalmente ao seu lado. Mas solene e majestosa como uma Mãe, a

mãe de todos, a nova Eva, a mãe dos filhos dispersos que ela reúne junto à cruz de seu Filho.

Maternidade do coração, que infla com a espada de dor que a fecunda.

A palavra de seu Filho que prolonga sua maternidade até os confins infinitos de todos os homens. Mãe dos discípulos, dos irmãos de seu Filho. A maternidade de Maria tem o mesmo alcance da redenção de Jesus. Maria comtempla e vive o mistério com a majestade de uma Esposa, ainda que com a imensa dor de uma Mãe. São João a glorifica com a lembrança dessa maternidade. Último testamento de Jesus. Última dádiva. Segurança de uma presença materna em nossa vida, na de todos. Porque Maria é fiel à palavra: Eis aí o teu filho.

O soldado que traspassou
o lado de Cristo no lado do coração, não se deu conta que cumpria uma profecia realizava um últmo, estupendo gesto litúrgico. Do coração de Cristo brota sangue e água. O sangue da redenção, a água da salvação. O sangue é sinal daquele maior amor, a vida entregue por nós, a água é sinal do Espírito, a própria vida de Jesus que agora, como em uma nova criação derrama sobre nós.

A Celebração

Hoje não se celebra a missa em todo o mundo. O altar é iluminado sem mantel, sem cruz, sem velas nem adornos. Recordamos a morte de Jesus. Os ministros se prostram no chão frente ao altar no começo da cerimômia. São a imagem da humanidade rebaixada e oprimida, e ao mesmo tempo penitente que implora perdão por seus pecados.
Vão vestidos de vermelho, a cor dos mártires: de Jesus, o primeiro testeunho do amor do Pai e de todos aqueles que, como ele, deram e continuam dando sua vida para proclamar a libertação que Deus nos oferece.

Ação litúrgica na Morte do Senhor

1. A ENTRADA

A impressionante celebração litúrgica da Sexta-feira começa com um rito de entrada diferente de outros dias: os ministros entram em silëncio, sem canto, vestidos de cor vermelha, a cor do sangue, do martírio, se prostram no chão, enquanto a comunidade se ajoelha, e depois de um espaço de silêncio, reza a oração do dia.

2. Celebração da Palavra

  • Primeira Leitura

Espetacular realismo nesta profecia feita 800 anos antes de Cristo, chamada por muitos o 5º Evangelho. Que nos introduz a alma sofredora de Cristo, durante toda sua vida e agora na hora real de sua morte. Disponhamo-nos a vivê-la com Ele.

Leitura do Profeta Isaías 52, 13 ; 53

Eis que meu Servo há de prosperar, ele se elevará, será exaltado, será posto nas alturas.
Exatamente como multidões ficaram pasmadas à vista
dele - tão desfigurado estava seu aspecto e a sua forma não parecia a de um homem - assim agora nações numerosas ficarão estupefactas a seu respeito,reis permanecerão silenciosos, ao verem coisas que não lhes haviam sido contadas e ao tomarem consciência de coisas que não tinham ouvido.
Quem creu naquilo que ouvimos, e a quem se revelou o braço do Senhor? Ele cresceu diante dele como um renovo, como raiz que brota de uma terra seca; não tinha beleza nem esplendor que pudesse atrair o nosso olhar, nem formosura capaz de nos deleitar.
Era desprezado e abandonado pelos homens, um homem sujeito à dor, familiarizado com a enfermidade, como uma pessoa de quem todos escondem o rosto; desprezado, não fazíamos nenhum caso dele.
E no entanto, era as nossas enfermidades que ele levava sobre si, as nossas dores que ele carregava.

Mas nós o tinhamos como vítima do castigo, ferido por Deus e humilhado.
Mas ele foi trespassado por causa de nossas transgressões, esmagado em virtude de nossas iniqüidades.

O castigo que havia de trazer-nos a paz, caiu sobre ele, sim, por suas feridas fomos curados.
Todos nós como ovelhas, andávamos errantes, seguindo cada um o seu próprio caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de todos nós.

Foi maltratado, mas livremente humilhou-se e não abriu a boca, como cordeiro conduzido ao matadouro; como uma ovelha que permanece muda na presença de seus tosquiadores ele não abriu a boca.
Após a detenção e julgamento, foi preso. Dentre os seus contemporâneos, quem se preocupou com o fato de ter ele sido cortado da terra dos vivos, de ter sido ferido pela transgressão do seu povo?
Deram sepultura com os ímpios, o seu túmulo está com os ricos, se bem que não tivesse praticado violência nem tivesse havido engano em sua boca.

Mas o Senhor quis feri-lo, submetê-lo à enfermidade. Mas, se ele oferece a sua vida como sacrifício pelo pecado, certamente verá uma descendência, prolongará os seus dias, e por meio dele o desígnio de Deus há de triunfar.
Após o trabalho fatigante de sua alma ele verá a luz e se fartará. Pelo seu conhecimento, o justo, meu Servo, justificará a muitos e levará sbre si as suas transgressões.

Eis porque lhe darei um quinhão entre as multidões; com os fortes repartirá os despojos, visto que entregou sua alma à morte e foi contado com os transgressores, mas na verdade levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores fez intercessão.

Palavra do Senhor

Salmo responsorial

Neste Salmo, recitado por Jesus na cruz, entrecruzam-se a confiança, a dor, a solidão e a súplica: com o Homem das dores, façamos nossa oração.

Sl 30, 2 e 6. 12-13. 15-16. 17 e 25.
Senhor, em tuas mãos eu entrego meu espírito.

Senhor, eu me abrigo em ti: que eu nunca fique envergonhado; Salva-me por sua justiça. Leberta-me . em tuas mãos eu entrego meu espírito, é tu quem me resgatas, Senhor.

Pelos opressores todos que tenho já me tornei um escândalo; para meus vizinhos, um asco, e terror para meus amigos. Os que me vêem na rua fogem para longe de mim; fui esquecido, como um morto aos corações, estou como um objeto perdido.

Quanto a mim, Senhor, confio em ti, e digo: " tú és o meu Deus!". Meus tempos etão em tua mão: liberta-me da mão dos meus inimigos e perseguidores. Faze brilhar tua face sobre o teu servo, salva-me por teu amor. Sede firmes, fortalecei vosso coração, vós todos que esperais no Senhor.

  • Segunda leitura

    O Sacerdote é o que une Deus ao homem e os homens a Deus… Por isso Cristo é o perfeito Sacerdote: Deus e Homem. O Único e Sumo e Eterno Sacerdote. Do qual o Sacerdócio: o Papa, os Bispos, os sacerdotes e dos Diáconos unidos a Ele, são ministros, servidores, ajudantes…

    Leitura da Carta aos Hebreus 4,14-16; 5,7-9.

    Temos, portanto, um sumo sacerdote eminente, que atravessou os céus: Jesus, o Filho de Deus. Permaneçamos, por isso, firmes na profissão de fé. Com efeito, não temos um sumo sacerdote incapaz de se compadecer das nossas fraquezas, pois ele mesmo foi provado em tudo como nós, com exceção do pecado. Aproximemo-nos, então, com segurança do trono da graça para conseguirmos misericórdia e alcançarmos graça, como ajuda oportuna.

    É ele que, nos dias de sua vida terrestre, apresentou pedidos e súplicas, com veemente clamor e lágrimas, àquele que o podia salvar da morte; e foi atendido por causa da sua submissão. Embora fosse Filho, aprendeu, contudo, a obediência pelo sofrimento; e, levado à perfeição, se tornou para todos os que lhe obedeceram princípio da salvação eterna.

    Palavra do Senhor.

  • Versículo antes o Evangelho (Fl 2, 8-9)

    Cristo, por nós, humilhou-se e foi obediente até a morte, e morte de cruz. Por isso Deus o sobreexlatou grandemente e o agraciou com o Nome que é sobre todo o nome.

    Como sempre, a celebração da Palavra, depois da homilia conclui-se com uma ORAÇÃO UNIVERSAL, que hoje tem mais sentido do que nunca: precisamente porque comtemplamos a Cristo entregue na cruz como Redentor da humanidade, pedimos a Deus a salvação de todos, crentes e não crentes.

    3. Adoração da Cruz

    Depois das palavras passamos a um ato simbólico muito expressivo e próprio deste dia: a veneração da Santa Cruz é apresentada solenemente a Cruz à comunidade, cantando três vezes a aclamação:

    "Eis o lenho da Cruz, onde esteve pregada a salvação do mundo. Ó VINDE ADOREMOS", e todos ajoelhados uns instantes de cada vez, e então vamos, em procissão, venerar a Cruz pessoalmente, com um genuflexão (ou inclinação profunda) e um beijo (ou tocando-a com a mão e fazendo o sinal da cruz ); enquanto cantamos os louvores ao Cristo na Cruz :

    4. A comunhão

    Desde de 1955, quando Pio XII decidiu, na reforma que fez na Semana Santa, não somente o sacerdote - como até então - mas também os fiéis podem comungar com o Corpo de Cristo.

    Ainda que hoje não haja propriamente Eucaristia, mas comungando do Pão consagrado na celebração de ontem, Quinta-feira Santa, expressamos nossa participação na morte salvadora de Cristo, recebendo seu "Corpo entregue por nós".


4-

Sábado Santo

O sábado é o segundo dia do Tríduo: no chão junto à ele, durante sete dias e e sete noites com Cristo no sepulcro.

"Durante o Sábado santo a Igreja permanece junto ao sepulcro do Senhor, meditando sua paixão e sua morte, sua descida à mansão dos mortos e esperando na oração e no jejum sua ressurreição (Circ 73).

No dia do silêncio: a comunidade cristã vela junto ao sepulcro. Calam os sinos e os instrumentos. É ensaiado o aleluia, mas em voz baixa. É o dia para aprofundar. Para contemplar. O altar está despojado. O sacrário aberto e vazio.

A Cruz continua entronizada desde o dia anterior. Central, iluminada, com um pano vermelho com o louro da vitória. Deus morreu. Quis vencer com sua própria dor o mal da humanidade. É o dia da ausência. O Esposo nos foi arrebatado. Dia de dor, de repouso, de esperança, de solidão. O próprio Cristo está calado. Ele, que é Verbo, a Palavra, está calado. Depois de seu último grito da cruz "por que me abandonaste?", agora ele cala no sepulcro. Descansa: "consummantum est", "tudo está consumado". Mas este silêncio pode ser chamado de plenitude da palavra. O assombro é eloqüênte. "Fulget crucis mysterium", "resplandece o mistério da Cruz".

O Sábado é o dia em que experimentamos o vazio. Se a fé, ungida de esperança, não visse no horizonte último desta realidade, cairíamos no desalento: "nós o experimentávamos… ", diziam os discípulos de Emaús.

É um dia de meditação e silêncio. Algo pareceido à cena que nos descreve o livro de Jó, quando os amigos que foram visitá-lo, ao ver o seu estado, ficaram mudos, atônitos frente à sua imensa dor: "Sentaram-se no chão ao lado dele, sete dias e sete noites, sem dizer-lhe uma palavra, vendo como era atroz seu sofrimento" (Jó. 2, 13).

Ou seja, não é um dia vazio em que "não acontece nada". Nem uma duplicação da Sexta-feira. A grande lição é esta: Cristo está no sepulcro, desceu à mansão dos mortos, ao mais profundo em que pode ir uma pessoa. E junto a Ele, como sua Mãe Maria, está a Igreja, a esposa. Calada, como ele. O Sábado está no próprio coração do Tríduo Pascal. Entre a morte da Sexta-feira e a ressurreição do Domingo nos detemos no sepulcro. Um dia ponte, mas com personalidade. São três aspectos -não tanto momentos cronológicos- de um mesmo e único mistério, o mesmo da Páscoa de Jesus: morto, sepultado, ressuscitado:

"...se despojou de sua posição e tomou a condição de escravo…se rebaixou até se submeter inclusive à morte, quer dizer, conhecesse o estado de morte, o estado de separação entre sua alma e seu corpo, durante o tempo compreendido entre o momento em que Ele expirou na cruz e o momento em que ressuscitou. Este estado de Cristo morto é o mistério do sepulcro e da descida à mansão dos mortos. É o mistério do Sábado Santo em que Cristo depositado na tumba manifesta o grande repouso sabático de Deus depois de realizar a salvação dos homens, que estabelece na paz o universo inteiro".

Vigília Pascal

A celebração é no sábado à noite, é uma Vigília em honra ao Senhor, segundo uma antiqüíssima tradição, (Ex. 12, 42), de maneira que os fiéis, seguindo a exortação do Evangelho (Lc. 12, 35 ss), tenham acesas as lâmpadas como os que aguardam a seu Senhor quando chega, para que, ao chegar, os encontre em vigília e os faça sentar em sua mesa.

A Vigília Pascal se desenvolve na seguinte ordem:

  • Breve Lucernário

    Abençõa-se o fogo. Prepara-se o círio no qual o sacerdote com uma punção traça uma cruz. Depois marca na parte superior a letra Alfa e na inferior Ômega, entre os braços da cruz marca as cifras do anos em curso. A continuação se anuncia o Pregão Pascal.

  • Liturgia da Palavra

    Nela a Igreja confiada na Palavra e na promessa do Senhor, media as maravilhas que desde os inícios Deus realizou com seu povo.

  • Liturgia Batismal

    São chamados os catecúmenos, que são apresentados ao povo por seus padrinhos: se são crianças serão levados por seus pais e padrinhos. Faz-se a renovação dos compromissos batismais.

  • Liturgia Eucarística

    Ao se aproximar o dia da Ressurreição, a Igreja é convidada a participar do banquete eucarístico, que por sua Morte Ressurreição, o Senhor preparou para seu povo. Nele participam pelas primeira vez os neófitos.


Toda a celebração da Vigília Pascal é realizada durante a noite, de tal maneira que não se deva começar antes de anoitecer, ou se termine a aurora do Domingo.

A missa ainda que se celebre antes da meia noite, é a Missa Pascal do Domingo da Ressurreição. Os que participam desta missa, podem voltar a comungar na segunda Missa de Páscoa.

O sacerdote e os ministros se revestem de branco para a Missa. Preparam-se os velas para todos os que participem da Vigília.


5-

Domingo de Páscoa

O Domingo de Páscoa, ou a Vigília Pascal, é o dia em que até mesmo a mais pobre igreja se reveste com seus melhores ornamentos, é o ápice do ano litúrgico. É o aniversário do triunfo de Cristo. É a feliz conclusão do drama da Paixão e a alegria imensa depois da dor. E uma dor e alegria que se fundem pois se referem na história ao acontecimento mais importante da humanidade: a redenção e libertação do pecado da humanidade pelo Filho de Deus.

São Paulo nos diz : "Aquele que ressuscitou Jesus Cristo devolverá a vida a nossos corpos mortais". Não se pode compreender nem explicar a grandeza da Páscoa cristã sem evocar a Páscoa Judaica, que Israel festejava, e que os judeus ainda festejam, como festejaram os hebreus há três mil anos. O próprio Cristo celebrou a Páscoa todos os anos durante a sua vida terrena, segundo o ritual em vigor entre o povo de Deus, até o último ano de sua vida, em cuja Páscoa aconteceu na ceia e na istituição da Eucaristia.

Cristo, ao celebrar a Páscoa na Ceia, deu à comemoração tradicional da libertação do povo judeu um sentido novo e muito mais amplo. Não é a um povo, uma nação isolada que Ele liberta, mas ao mundo inteiro, a que prepara para o Reino dos Céus. A Páscoa cristã - cheia de profunda simbologia - celebra a proteção que Cristo não cessou nem cessará de dispensar à Igreja até que Ele abra as portas da Jerusalém celestial. A festa da Páscoa é, antes de tudo, a representação do acontecimento chave da humanidade, a Ressurreição de Jesus depois de sua morte consentida por Ele para o resgate e a reabilitação do homem caído. Este acontecimento é um dado histórico inegável. Além de que todos os evangelistas fizeram referência. São Paulo confirma como o historiador que se apoia, não somente em provas, mas em testemunhos.

Páscoa é vitória, é o homem chamado a sua maior dignidade. Como não se alegrar pela vitória d'Aquele que tão injustamente foi condenado à paixão mais terrível e à morte de cruz?, pela vitória d'Aquele que anteriormente foi flagelado, bofeteado, cuspido, com tanta inumana crueldade.

Este é o dia da esperança universal, o dia em que em torno ao ressuscitado, se unem e se associam todos os sofrimentos humanos, as desolusões, as humilhações, as cruzes, a dignidade humana violada, a vida humana respeitada.

A Ressurreição nos revela a nossa vocação cristã e nossa missão: aproximá-la a todos os homens. O homem não pode perder jamais a esperança na vitória do bem sobre o mal. Creio na Ressurreição?, a proclamo?; creio em minha vocação e missão cristã, a vivo?; creio na ressurreição futura? , me alenta nesta vida?, são perguntas que devem ser feitas.

A mensagem redentora da Páscoa não é outra coisa que a purificação total do homem, a libertação de seus egoísmos, de sua sensualidade, de seus complexos, purificação que, ainda que implique em uma fase de limpeza e saneamento interior, contudo se realiza de maneira positiva com dons de plenitude, com é a iluminação do Espírito, a vitalização do ser por uma vida nova, que transborda alegria e paz - suma de todos os bens messiânicos-, em uma palavra, a presença do Senhor ressuscitado. São Paulo o expressou com incontida emoção neste texto: " Se ressuscitastes com Cristo, então vos manifestareis gloriosos com Ele".





Um comentário:

Prof. Robson Santos disse...

Garoto, era para atualizar...mas não isso tudo de uma vez....hehehe...
Parabéns...de qualquer forma, sugestão: particiona, divide os próximos posts para ficarem mais curtos...será melhor para os blogueiros leitores!
Feliz páscoa!